Veterinária, mestra em Epidemiologia, doutora em Patologia e com pós-doutorado pela San Diego Zoo Institute for Conservation Research (EUA). É professora de Medicina de Animais Selvagens da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisadora colaboradora do Instituto Brasileiro para Medicina da Conservação – Tríade
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A tuberculose é uma zoonose causada por bactérias do complexo Mycobacterium tuberculosis-bovis e do complexo Mycobacterium avium-intracellulare. Em humanos essa doença é causada principalmente pelo Mycobacterium tuberculosis e afeta mais frequentemente os pulmões. No Brasil, a doença em humanos é um problema sério de saúde pública que, associada à epidemia do HIV e à presença dos bacilos resistentes ao tratamento, tornam o cenário bastante complicado. Segundo o Ministério da Saúde, há notificação anual de aproximadamente 70 mil novos casos e cerca de 4.500 mortes em decorrência da doença. O Organização Mundial da Saúde considera a tuberculose como uma das dez principais causa de morte no mundo.
Em animais, a suscetibilidade à tuberculose varia de acordo com a espécie. Os primatas não humanos são considerados os mais suscetíveis ao Mycobacterium tuberculosis, mas já foi descrita em diversas espécies como elefantes, antas, girafas, leões-marinhos, rinocerontes e psitacídeos (grupo dos papagaios e araras). O Mycobacterium bovis já foi identificado em um número maior de espécies de animais selvagens e a principal fonte de infecção (transmissão) são os animais domésticos.
A tuberculose é uma doença predominantemente crônica e debilitante, que pode ser devastadora em populações de animais selvagens, principalmente em cativeiro, mas também há relatos em animais de vida livre. A principal forma de transmissão se dá por via respiratória ou oral, pela inalação ou ingestão da microbactéria, respectivamente.
O tratamento da tuberculose em animais selvagens é um tema bastante controverso devido à dificuldade por ser longo e com risco de infectar outros animais ou seres humanos. Deve-se levar em consideração diversos aspectos como a importância do animal para conservação ou para a instituição. O tratamento pode levar de 6 a 12 meses, porém quando não é possível, o que acontece na maioria dos casos, deve-se optar pela eutanásia do animal.
Em locais onde há animais selvagens de vida livre expostos a seres humanos, deve-se tomar cuidado como evitar contato próximo ou compartilhamento de alimentos. Já em cativeiro, são essenciais o uso de barreiras físicas, como a colocação de vidros ou fosso, que impeçam o contato próximo ou arremesso de alimentos ou outros objetos contaminados no recinto, assim como o emprego de medidas de biossegurança.
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