Por Luciana Ribeiro
Jornalista e tecnóloga em Gestão Ambiental
olhaobicho@faunanews.com.br
Nome popular: cuíca-graciosa, catita, guaiquica
Nome científico: Gracilinanus agilis
Estado de conservação: “pouco preocupante” na lista vermelha da IUCN e não consta da Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
Ela é pequeninha, com grandes olhos e uma carinha assustada. Um bichinho de fato gracioso, que parece personagem de desenho animado. É a cuíca-graciosa, um dos menores marsupiais do mundo, com comprimento total de não mais de 25 centímetros e mais da metade disso é a cauda. Pesa até 30 gramas. Ao redor dos olhos, os pelos são negros, o que faz com que eles pareçam maiores, enquanto a coloração do corpo é em tons de marrom.
No Brasil, a cuíca-graciosa ocorre principalmente em formações florestais do Cerrado e eventualmente em florestas mais secas da Mata Atlântica. Mas ela é encontrada também no Paraguai, na Bolívia, no Peru e na Colômbia. Tem hábitos arborícolas, ou seja, vive em árvores, como a maioria dos marsupiais. E várias características de seu corpo são adaptações para facilitar a sua locomoção pelos galhos. A cauda preênsil funciona como um quinto membro e as patas traseiras têm um polegar opositor que agarra os galhos. Com isso, ela é bastante ágil e se movimenta pelas árvores com muita rapidez.
Com hábitos noturnos e solitários, a cuíca-graciosa vive em tocas e ninhos feitos em buracos nos troncos das árvores ou entre rochas. Sua dieta é bastante variada, pois é uma espécie onívora, mas a preferência é por insetos e frutos.
Os marsupiais são aqueles animais cujos filhotes nascem prematuros e, para terminarem seu desenvolvimento, ficam em uma bolsa na barriga da mãe, o marsúpio. Mas os marsupiais brasileiros – que além das cuícas incluem os gambás – não têm um marsúpio verdadeiro. Assim, a cuíca-graciosa não tem nenhuma proteção para os mamilos e, por isso, depois de uma rápida gestação de cerca de 15 dias, a fêmea fica no ninho por um bom tempo, protegendo e amamentando os filhotes até que eles estejam mais desenvolvidos e menos frágeis. Para isso, ela diminui seu metabolismo e vive de reservas de gordura corporal. As ninhadas têm em média oito filhotes.
Quando ameaçada, a cuíca normalmente foge. Aproveita que é pequenininha e se esconde na mata. Se não der para fugir, ela enche os pulmões, eriça os pelos para parecer maior e emite uma vocalização para assustar o predador. Se nada disso der certo, ela ainda tem mais uma estratégia de defesa. Eu não falei que ela parece personagem de desenho animado? Pois bem, ela usa uma tática típica desses personagens, a tanatose: se finge de morta e fica ali quietinha, imóvel, até que o perigo passe.
– Texto originalmente publicado em 19 de outubro de 2016
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