Formado em Administração e pós-graduado em Gestão Ambiental. É instrutor de Fiscalização Ambiental da Polícia Rodoviária Federal e membro do Grupo de Enfrentamento aos Crimes Ambientais da corporação
nalinhadefrente@faunanews.com.br
Como sabem, sou policial rodoviário federal e dedico grande parte do meu trabalho e estudos para a área de crimes ambientais, participando de diversos encontros, workshops, conferências, fóruns e grupos de WhatsApp que debatem o tema.
Tem chamando muito a minha atenção nos grupos especializados de combate aos crimes ambientais e entre a população em geral, que não tem o tráfico de fauna em sua rotina, é a nova percepção de que os crimes ambientais não estão somente relacionados com a visão simplista e tradicionalmente divulgada que envolve a conservação de espécies.
Talvez pelo advento da Covid-19 e pela alta exposição na mídia dos mercados na Ásia que comercializam animais silvestres do mundo inteiro para alimentação, foi desenvolvida pela sociedade a visão de que o tráfico de animais silvestres também é um problema sanitário muito sério. Essa atividade ilícita pode trazer doenças para as pessoas e para os animais que convivem com seres humanos, como cães e gatos ou animais de valor comercial para alimentação humana, como bovinos, suínos e aves.
E, consequentemente, essas questões sanitárias vão levar a graves problemas econômicos. No final, a conta será repartida, de uma forma ou de outra, entre toda a população.
Essa nova percepção sobre os verdadeiros impactos do tráfico de animais silvestres e do consumo de carne de caça pode se tornar no grande trunfo para a sensibilização de políticos e gestores públicos, que podem ampliar sua visão e os esforços no enfrentamento aos crimes ambientais.
Talvez falte, aos defensores da vida silvestre, um pouco dessa sensibilidade em ampliar o excelente discurso de conservação da biodiversidade no planeta. Algumas pessoas não têm conhecimento suficiente para, sozinhas, se conscientizarem sobre a importância dessa causa. Porém, quando agregamos o fator sanitário e econômico, o leque de possibilidades é ampliado e a voz do defensor ambiental ecoa por ambientes que nunca seriam atingidos.
Acredito que o Covid-19 vai deixar um rastro danoso de mortes, desempregos e recessão econômica, porém, talvez, deixe uma nova percepção sobre a vida do planeta e de que a ação humana tenha que ser mais cuidadosa por conta das possíveis consequências.
Observação: as opiniões, informações e dados divulgados
no artigo são de responsabilidade exclusiva de seu(s) autor(es).