![Lobo-guará imobilizado pelo cambão (vara com laço que prende pescoço do animal)](https://faunanews.com.br/wp-content/uploads/2020/10/contencao-lobo-cetas-catalao.jpg)
Por Bruna Almeida
Bióloga e coordenadora do Projeto Reabilitação de Fauna Silvestre e das atividades de educação ambiental no Centro de Triagem de Animais Silvestres de Catalão (GO)
universocetras@faunanews.com.br
Os animais silvestres que são encaminhados aos centros de triagem e de reabilitação (Cetras) passam pela triagem, onde identifica-se a espécie e a faixa etária aproximada, bem como as condições físicas e clínicas, avaliadas pelo médico veterinário. Para a realização desse processo, é necessária a contenção do animal, que consiste na imobilização através de técnicas que assegure a integridade física dele e do profissional que realiza o manejo.
A contenção dos animais silvestres em cativeiro pode ser realizada de duas formas, através de meios físicos e químicos. A contenção física consiste em reduzir a atividade física do animal utilizando equipamentos específicos e adequados para as espécies, sendo os mais comuns o cambão, gancho herpetológico, rede de arrasto e luvas de raspa. Já para a contenção química é necessária a administração de fármacos tranquilizantes ou anestésicos através de rifles específicos, zarabatana e aplicação direta com seringa, sendo esse método utilizado frequentemente nas espécies mais agressivas e/ou estressadas.
Até nos animais silvestres mais “dóceis” é importante a utilização dos equipamentos, pois, ao tocar em algumas partes do corpo, o animal pode reagir com mordidas, unhadas, bicadas e coices. Há cães e gatos domésticos que não permitem a manipulação dos próprios tutores e reagem de forma agressiva, por que com os animais silvestres seria diferente?
![Lobo-guará deitado sobre feno](https://faunanews.com.br/wp-content/uploads/2020/11/zuca-loba-cetas-catalao.png)
No Cetas de Catalão, grande parte das contenções são por meio físico com utilização de equipamentos. Atualmente, temos em nosso plantel a Zuca, uma fêmea de lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) que foi encaminhada apresentando lesão grave no membro posterior esquerdo, sendo necessária a troca de curativo a cada três dias. Apesar do seu comportamento totalmente selvagem, optamos por realizar o procedimento através da contenção física, utilizando focinheira de corda, cambão, rede de arrasto e uma toalha para cobrir os olhos, reduzindo o estresse. Nesse processo, a sintonia da equipe é fundamental para o sucesso do procedimento.
Durante esses três meses de procedimentos com a Zuca, foi necessária a contenção química somente uma vez e, na oportunidade, realizamos uma avaliação minuciosa e aplicação de laserterapia. A utilização de fármacos e suas associações devem ser cuidadosamente preparadas, pois há variações quanto à espécie e ao peso corporal e uma super dosagem pode matar o animal ou gerar sequelas. Um exemplo disso são os cervídeos, espécies extremamente sensíveis tanto a contenção física, que pode ocasionar a miopatia de captura (síndrome ocasionada por estresse), como também a contenção química. Além disso, é indispensável o monitoramento do animal desde a aplicação até o término do efeito sedativo.
![Equipe do Cetas Catalão](https://faunanews.com.br/wp-content/uploads/2020/11/equipe-cetas-catalao.jpg)
Portanto, o manuseio de um animal deve ser cuidadosamente realizado por profissionais habilitados, utilizando os métodos seguros. Em várias ocasiões, o Cetas é acionado para sedar e capturar especialmente mamíferos que circulam pela área urbana ou que adentram em residências na zona rural. Identificar a espécie, estimar seu peso corporal e ter acesso ao animal para o disparo dos fármacos (com rifle ou zarabatana) se faz extremamente necessário para que o procedimento seja realizado com sucesso.
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