Biólogo, mestre em Ecologia e agente de fiscalização ambiental do Ibama.
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Amanaci e Ousado são duas onças-pintadas resgatadas no Pantanal e com destinos diferentes, embora com histórias semelhantes. Ambas foram vítimas da queimada que assolou o bioma, mas Amanaci teve ferimentos mais severos e, com os tendões comprometidos, deve amargar o resto de sua vida em cativeiro.
Ousado teve mais sorte. Seus ferimentos, mais leves, possibilitaram uma melhor recuperação. Como resultado, já foi solto. Ambas, as onças, porém, sofreram em decorrência da ignorância, crime e amadorismo no trato agropecuário. O uso do fogo para limpeza de pasto ou desmatamento ainda é prática comum no Brasil, embora arcaica.
Também é bom que se diga que nunca vi ONGs ateando fogo.
Embora vítimas, elas o foram em decorrência de culpa é não de dolo. Afinal, ao colocar fogo não se objetivava matar ou queimar onças e outros animais. Uma tese que defende o dolo da ação é aquela na qual se assume o risco. Mas a questão é que, apesar de queimados, quem foi responsável pelo fogo não mirou especificamente nas onças. Fato totalmente distinto da caça aos felinos.
As onças têm sido perseguidas em razão de ataques ao gado. Sua vida no norte do Mato Grosso custa míseros R$ 2 mil, enquanto um bezerro custa uns R$ 1.800. Os pecuaristas amadores – que são a maioria – não conseguem produzir mais de um boi por hectare, perdem animais para a seca e permitem um efeito sanfona na engorda dos animais. Apesar de toda esta incompetência em tratar a criação de forma profissional, eles não toleram qualquer perda para onças.
Como retaliação, os animais são caçados e eliminados. A caça não é difícil. Acuada por cães, o animal se refugia em uma árvore e fica olhando para o caçador. Ele atira e a mata.
A Lei de Crimes Ambientais poderia prever penalidade maior para a morte de onças. Isto inibiria um pouco este crime. Então #cadeiaparaonçassinato
O texto reflete posição pessoal e não, necessariamente, institucional.
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