Por Luciana Ribeiro
Jornalista e tecnóloga em Gestão Ambiental
olhaobicho@faunanews.com.br
Nome popular: sapo-folha
Nome científico: Proceratophrys sanctaritae
Estado de conservação: não consta da lista da IUCN e “criticamente em perigo” na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
A capacidade de se camuflar é uma característica admirável de certos animais. Ter a aparência do ambiente em que vive para passar despercebido por predadores é um “truque” curioso e eficiente. O sapo-folha é um desses animais. Como o nome popular entrega, ele se parece com uma folha e fica “invisível” no chão das florestas que habita.
Há mais de uma espécie de sapo-folha. O Proceratophrys boiei, por exemplo, é uma das mais conhecidas e descritas há mais tempo. É encontrada na Mata Atlântica e, por habitar áreas protegidas, como parques nacionais e estaduais, sua situação de conservação é definida como “pouco preocupante” na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Ela não aparece na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção.
Já o Proceratophrys sanctaritae é uma espécie endêmica da Serra do Timbó, no estado da Bahia, e está seriamente ameaçada. A extensão da área de ocorrência desse anfíbio foi calculada em apenas oito quilômetros quadrados. Esses sapinhos vivem quase o tempo todo no chão, na serapilheira de trilhas da floresta Santa Rita, entre 800 e 900 metros acima do nível do mar.
Mas, infelizmente, a cobertura florestal da Serra do Timbó é muito fragmentada e ainda sofre com desmatamentos, causados, principalmente, pelo cultivo de banana e cacau, para a formação de pastagens e pelo corte seletivo de espécies arbóreas de interesse comercial. Com isso, o sapo-folha está perdendo seu habitat.
O pequeno sapo-folha mede cerca de quatro centímetros apenas e, além da coloração em tons de marrom, na mesma paleta das folhas secas, tem pequenos chifres, cujo formato também lembra a ponta de uma folha. Sua atividade é maior nas estações chuvosas e eles acasalam em poças rasas, onde seus girinos vão se desenvolver.
O Proceratophrys sanctaritae integra o Plano de Ação Nacional (PAN) para Conservação da Herpetofauna Ameaçada do Nordeste, que está em seu segundo ciclo de implementação e contempla outras 45 espécies de répteis e anfíbios ameaçados de extinção, além do sapo-folha. O PAN tem o objetivo de reduzir as ameaças e ampliar o conhecimento sobre os anfíbios e répteis da região Nordeste, integrando a sociedade no processo de conservação.
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