Por Marcelo Calazans
Técnico em agropecuária, administrador de empresas e fotógrafo. Foi professor da disciplina Fotografia de Natureza pelo Senac (MS)
photoanimal@faunanews.com.br
Dando continuidade ao tema do artigo do mês passado, vou falar mais um pouco sobre a fotografia em preto e branco de animais.
A quase totalidade das fotos de natureza feitas hoje em dia são captadas originalmente em cores. Isso é fato. Alguns poucos profissionais se aventuram em retratar o mundo selvagem em preto e branco. E os resultados são magníficos, com uma riqueza de nitidez e texturas que beiram ao absurdo! Como exemplos dessa arte, podemos citar os trabalhos feitos por Sebastião Salgado e Araquém Alcântara.
Sebastião Salgado é, atualmente, o mais famoso dos fotógrafos brasileiros, consagrado aqui e no exterior. Ele tem feito história com suas fotos documentais que registram questões importantes: a situação de índios, trabalhadores, pessoas que migram do campo para as cidades e, mais recentemente, flagrantes de como a natureza é explorada em nosso planeta – vide Gênesis. E sempre em preto e branco.
Depois de trocar a carreira de economista pela fotografia e viajar pelo mundo para captar imagens incríveis, Salgado é o mais novo integrante da Academia de Belas Artes da França e representante da Unicef, além de ter sua trajetória contada no filme “O Sal da Terra”, de Wim Wenders.
Araquém Alcântara é autor de inúmeras fotos que se tornaram icônicas ao longo do tempo. Seu principal tema é a natureza, que muitas vezes explora como andarilho – seja para mostrar nossa grande diversidade ecológica ou gerar debates sobre as questões ambientais. Ele foi o primeiro dos fotógrafos brasileiros consagrados a produzir uma edição especialmente para a National Geographic Society e seu livro de fotografias Terra Brasil é o mais vendido na categoria em nosso país.
Suas fotos ainda podem ser vistas em dezenas de outros livros e publicações de renome. O sensível trabalho de Alcântara tem rendido inúmeros prêmios internacionais e nacionais, além de 75 exposições até o momento. Em sua página no Facebook, ele está fazendo uma espécie de enquete, perguntando se publica as fotos de seu próximo livro em cores ou preto e branco, expondo a mesma imagem com essas duas técnica para exemplificar. Em 2017, escrevi um artigo sobre ele aqui no Fauna News.
Mas, porém, contudo, entretanto e todavia, voltemos à parte técnica do tema. Como citei no primeiro artigo, hoje em dia muitos fotógrafos preferem fazer seus registros em cores, selecionar alguns – geralmente aqueles com detalhes de animais – e convertê-los para o preto e branco, sem perder o arquivo original. Vou colocar aqui umas dicas para esse tipo de trabalho, levando em consideração o uso do Lightroom (LR) como editor de imagens.
Óbvio que o primeiro passo é iniciar o LR e importar as imagens a serem trabalhadas. Depois, escolher a(s) foto(s). Feito isso, é hora de selecionar a ferramenta “Revelação”. Depois, é hora de escolher a ferramenta “P&B” como podemos ver na foto abaixo. O resultado é uma pré-edição “apagada” na escala de cinza, sem contraste e com áreas sombreadas em excesso.
Mas é agora que vem a “cereja do bolo”! Tem uma ferramentinha bem simples de ser usada, que dá um up na foto, sem necessidade de muito esforço. É a “Curva de tons”, que está localizada abaixo da aba “Básico”. Ela possui uma série de barras de regulagens onde podemos escolher os tons de cinza da imagem a serem alterados, para aumentar ou diminuir suas tonalidades. Só lembrando que essas “regulagens” irão variar de imagem para imagem.
Para realizar as alterações, basta deslizar o botão escolhido com o mouse, aumentando ou diminuindo a intensidade de cinza na imagem. A cada alteração, a imagem vai sendo modificada. Na imagem abaixo, destacado em vermelho, podemos ver as barras de regulagens e as diferentes possibilidades de ajustes.
Mas como eu citei no texto anterior, temos algumas dificuldades aí. Começando pelo quanto de ajuste cada área da foto deve receber, para que não fique escura ou clara demais, e pela questão do uso das outras ferramentas disponíveis no programa de edição. Vai da mão e do gosto de cada um. Um equilíbrio perfeito de ajustes é aquele em que se consegue o máximo de nitidez, contraste e realce da escala de cinza SEM perda de qualidade de imagem ou formação de sombras indesejáveis que podem camuflar justamente aqueles detalhes que queremos realçar, além de garantir uma leveza no resultado final que não deixe explícito que a foto foi (muito) editada.
E como podemos fazer isso?
A boa e velha prática aliada ao estudo da teoria da fotografia (luzes e sombras, parâmetros de configuração da câmera no momento de efetuar os registros, etc.), combinados com o conhecimento das possibilidades que o programa de edição oferece. Não esquecer nunca que é errando que se aprende, ok?
Para encerrar mais essa parte sobre o tema, deixo o comparativo do “antes” com o “depois” da edição da imagem. Eu espero que tenham gostado do artigo. Em junho, nos encontramos novamente em mais um texto sobre essa técnica da fotografia. Até lá!
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