Ano novo, novo ciclo: a renovação das aranhas pela ecdise

Você sabia que as aranhas trocam de “pele” quando crescem? Isso mesmo! Esse processo é chamado de ecdise e acontece também em outros animais do grupo dos panartrópodes. A principal característica compartilhada por esses animais é a cutícula quitinosa, que é periodicamente trocada à medida que o animal cresce.

O exoesqueleto de quitina oferece várias vantagens a esses animais. Apesar de ser rígido, ele protege contra predadores, impede a perda de água e sustenta o corpo. Ao mesmo tempo, permite excelente movimentação, graças às articulações. Durante a troca do exoesqueleto, no entanto, as aranhas ficam mais frágeis. Esse é um processo natural, essencial para que elas possam crescer e se desenvolver. Desde o início da vida, logo após saírem da ooteca (o “ovo” de teia, onde as aranhas nascem), as aranhas enfrentam um caminho árduo. A natureza pode ser cruel, principalmente para as recém-nascidas, que têm o corpo pequeno e translúcido.

Como ocorre o processo de muda? Normalmente, a troca do exoesqueleto começa com um corte transversal na região dorsal e o ventre da aranha fica voltado para cima, com as patas estendidas, como acontece nesse vídeo. Esse processo é guiado por enzimas e hormônios. Porém, para que a aranha consiga realizar a ecdise, ela precisa estar em condições específicas, como alimentação adequada, hidratação, umidade do ambiente, iluminação e até a ausência de predadores.

Número de mudas determina o crescimento

À medida que o tempo passa, cada espécie de aranha tem um número determinado de mudas para crescer e tempos de vidas diferentes umas das outras. Nas últimas mudas, quando atingem a maturação sexual, as aranhas desenvolvem seus órgãos reprodutivos, tanto os masculinos (palpos) quanto os femininos (epíginos). Esse aspecto é essencial para a identificação de novas espécies, realizado de forma morfológica. Ou seja, as aranhas de uma mesma espécie têm um encaixe perfeito entre os palpos dos machos e os epíginos das fêmeas.

Outro fato curioso sobre a ecdise nas aranhas é que elas podem até regenerar alguns apêndices, como pernas e fiandeiras, durante esse ciclo. Isso depende da idade e do tempo de vida do animal, como observam alguns pesquisadores que estudam o desenvolvimento deles (Maruzzo e Bortolin, 2013; Mariano-Martins et al., 2020).

Assim como a aranha, que a cada nova muda desenvolve um exoesqueleto renovado, o ano novo nos convida a iniciar um ciclo de crescimento e renovação. A cada desafio e oportunidade que surgem ao longo do ano, somos chamados a nos adaptar e evoluir, sempre em busca de novas conquistas até o próximo ciclo. Que neste novo ano, possamos enfrentar os desafios com coragem, assim como as aranhas, e celebrar as novas oportunidades de crescimento que surgem em nossa jornada.

Referências

• Aranha trocando de pele
• Mariano-Martins, P., Lo-Man-Hung, N., & Torres, T. T. (2020). Evolution of spiders and silk spinning: Mini review of the morphology, evolution, and development of spiders’ spinnerets. Frontiers in Ecology and Evolution, 8, 109.
• Maruzzo, D., & Bortolin, F. (2013). Arthropod regeneration. In Arthropod Biology and Evolution: Molecules, Development, Morphology (pp. 149-169). Berlin, Heidelberg: Springer Berlin Heidelberg.
• Foelix, R. (2010). Biology of spiders. Oxford University Press.

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