Atividade portuária impacta a ictiofauna

Atividades de dragagem, necessárias para a manutenção dos canais de navegação dos portos, são muito comuns em estuários e afetam a ictiofauna de forma direta e indireta, pois alteram as características do ambiente, como profundidade, turbidez, correntes, além de retirar a comunidade bentônica, que é o alimento de muitos peixes.

Segundo trabalho publicado por pesquisadores do Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná, o impacto da dragagem pode aumentar a diversidade de peixes, retirando as espécies dominantes e aumentando a quantidade de nichos, abrindo espaço para um maior número de espécies ocuparem a mesma área. Diferença dada, principalmente, pelos peixes bentívoros (associados ao sedimento).

Outro impacto negativo que pode ocorrer decorrente da atividade da dragagem é a ressuspensão de hidrocarbonetos que estavam “assentados” no sedimento de fundo. Esses contaminantes agora disponíveis na coluna d´água podem ser ingeridos pelos peixes e se acumularem em seus tecidos.

Já um impacto pouco estudado na literatura, é a ingestão, pelos peixes bentívoros (por exemplo, bagres), dos grãos que caem na água. Esse impacto é decorrente das atividades portuárias de carregamento e descarregamento de granéis sólidos (como soja e milho).

Uma medida preventiva é o uso de mantas no costado dos navios no momento do carregamento/descarregamento, conforme observado na foto acima.

Explosões subaquáticas de maciços rochosos para aumentar a profundidade de canais de navegação também impactam diretamente a ictiofauna. A oscilação de pressão é a responsável pela rápida contração e sobre-expansão da bexiga natatória, resultando em dano interno e mortalidade.

Tais impactos na ictiofauna são avaliados antes do início de qualquer obra de significativo impacto ambiental, conforme preconiza a Lei nº 6.938/1981 (Política Nacional do Meio Ambiente) e a Resolução Conama nº 237/1997, durante o processo de licenciamento, seja para a instalação, operação ou ampliação, como é no caso de um porto ou de obra de dragagens de aprofundamento e manutenção.

Nesse processo, além do levantamento dos impactos, também são propostas programas de monitoramento e medidas mitigatórias, como o uso de cortina de bolha ou a retirada manual de animais no caso de peixes territorialistas (por exemplo, o mero) do redor de áreas de explosões subaquáticas e a soltura em áreas mais distantes; e uso de equipamentos em obras que gerem menor ruído subaquático.

Referências
– Lei Federal nº 6.938/1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
– PARIZOTTI, Tuan Duarte; CATTANI, André Pereira; SANTOS, Lilyane de Olivera Santos;
FERREIRA, Tábata Larissa; SPACH, Henry Louis. A ictiofauna das atividades de dragagem
sobre a ictiofauna do Complexo Estuarino de Paranaguá, Estado do Paraná. Arquivos de
Ciências do Mar, 48(2), pág. 19-31, 2015.
– Resolução Conama nº 237/1197. Dispõe sobre a revisão e complementação dos
procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento ambiental.
– TCP – Terminal de Contêineres de Paranaguá. RIMA – Relatório de Impacto Ambiental,
Ampliação do Cais. 2008.

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