Por Franci Palhano
Jornalista, escritora, especialista em Administração com ênfase em Marketing e mestra em Gestão e Políticas Ambientais. Trabalha no Núcleo de Comunicação Social e Educação Ambiental da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH)
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É chegado o primeiro período de 2023 do defeso do caranguejo-uçá (Ucides cordatus), crustáceo que habita os manguezais, com distribuição na Flórida, México, Antilhas, norte da América do Sul e Brasil – do Amapá até Santa Catarina (Melo, 1996).
Tempo conhecido como “andada”, o defeso, que teve início em dezembro de 2022 e vai até março de 2023, é o período em que os caranguejos deixam a toca onde vivem e andam sobre a lama do manguezal com propósitos bem nobres: se acasalar e liberar os seus ovos, o que acontece sob a luz da lua nova ou da lua cheia. O manguezal vira campo de disputa dos caranguejos machos, que concorrem entre si por causa das fêmeas. Nas raízes e nos troncos dos pés de mangue, podem ser observadas as fêmeas, que se preparam para liberar os seus ovos. É a renovação da espécie, no manguezal.
O tempo da andada deveria ser apenas motivo de celebração, tendo em vista que, além da sua importância para o equilíbrio do ecossistema manguezal, o caranguejo-uçá é um recurso pesqueiro que possibilita ganhos financeiros a muitas famílias. A cata do caranguejo-uçá é uma das atividades extrativistas mais antigas no Brasil. É emprego, renda e subsistência às comunidades pesqueiras (Pinheiro & Fiscarelli, 2001).
Mas o espetáculo da reprodução dos caranguejos-uçás, que envolve a disputa entre os machos, o “namoro” e a desova, significa um grande perigo para a espécie, pois os catadores conseguem capturá-los com mais facilidade. E o desrespeito à época do defeso pode tornar escasso esse animal na região e até levar ao total desaparecimento.
Educação ambiental: ajudando a conservar o caranguejo-uçá
O caranguejo-uçá precisa de ajuda para continuar a existir nos nossos manguezais. Em Pernambuco, a educação ambiental é feita por uma equipe multidisciplinar da Agência Estadual de Meio Ambiente, a CPRH, que, antecedendo ao período do defeso, dissemina informações junto a pescadores, catadores de caranguejo, comerciantes, moradores e veranistas sobre a importância dos períodos do defeso, quando ficam proibidas as ações de captura, transporte, beneficiamento, industrialização, armazenamento, comercialização e a manutenção desse animal em cativeiro.
Por sua vez, nos períodos da proibição, a equipe de fiscalização do órgão atua no rigor na lei, aplicando multas aos infratores e recolhendo o material que esteja sendo comercializado ou estocado ilegalmente.
Conheça os períodos de andada reprodutiva do caranguejo-uçá em 2023:
– Janeiro: de 22 a 27
– Fevereiro: de 21 a 26
– Março: de 08 a 13 e de 22 a 27
Referências
– Pinheiro, M.A.A. & Fiscarelli, A.G. 2001. Manual de apoio a fiscalização do caranguejouçá (Ucides cordatus). Itajaí: UNESP, CEPSUL/IBAMA, 43p.
– Melo, G.A.S. 1996. Manual de identificação dos Brachyura (caranguejos e siris) do litoral brasileiro. São Paulo, Editora Plêiade.
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