Por Silvana Davino
Bióloga e responsável técnica da Área de Soltura Monitorada (ASM) Cambaquara, em Ilhabela (SP)
segundachance@faunanews.com.br
Infelizmente, as notícias do tráfico de animais silvestres nunca saem da mídia. Como citamos no artigo anterior, a educação ambiental tem sido nossa melhor estratégia nos médio e longo prazos, dentro do contexto de fragilidade das leis ambientais.
O processo de reabilitação de uma ave pode ser demorado. Para papagaios, pode levar, em média, de seis meses a três anos. Faz sentido fazer todo esse esforço se, quando soltarmos para devolvê-lo à natureza, ele ser recapturado e engaiolado por algum vizinho? Seria todo um trabalho jogado fora…
Para iniciar alguma reintrodução de animais silvestres em qualquer lugar, a educação ambiental é o pilar mais importante desse processo. Quem acompanha o projeto da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) sabe que o trabalho de educação ambiental iniciou-se mais de dez anos antes da reintrodução da espécie no seu local de origem.
A Área de Soltura Monitorada (ASM) Cambaquara, quando iniciou suas atividades, fez um esforço de casa em casa, por toda a vizinhança, explicando sobre o nosso trabalho, com distribuição de material informativo, e informando nosso telefone caso avistassem ou encontrassem alguma ave anilhada.
Durante estes dez anos de existência, estendemos nosso trabalho de educação ambiental para as escolas, com palestras, atividades lúdicas e visitação na instituição. Realizamos ações em eventos públicos com o “Xô Gaiola – Um Convite à Liberdade!”, atividade em que instalamos um gaiolão de ferro de 2 metros x 2,5 metros para que as pessoas possam entrar e refletir sobre o aprisionamento de aves. Uma forma de tentar desfazer a cultura da gaiola.
Nessa atividade, ainda apresentamos banners e materiais didáticos sobre as aves de Ilhabela (SP), falamos sobre campanhas que realizamos e oferecemos desenhos para as crianças pintarem. Atuamos em parceria com o Parque Estadual de Ilhabela, que apresenta armadilhas e apetrechos de caça retirados de dentro da unidade de conservação.
Neste ano, as atividades nas escolas e visitas dos alunos à ASM Cambaquara se intensificaram e isso nos anima porque todo esse trabalho de sensibilização é transmitido aos alunos e aos professores, tornando-os mais conscientes sobre o meio ambiente, do qual, nós, seres humanos, fazemos parte.
No Brasil, as ações de educação ambiental ainda são feitas de forma isolada, às vezes por iniciativa privada e poucas vezes por iniciativa do poder público. Precisamos trabalhar para que haja uma política educacional que dê a devida importância à educação ambiental.
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