Bióloga, mestra em Zoologia pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro e professora nas redes estadual e particular do Rio de Janeiro.
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Nomes populares: candiru, peixe-vampiro, canero
Nome científico: Vandellia cirrhosa
Estado de conservação: “pouco preocupante” no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do ICMBio
Peixe-vampiro ou canero são outros nomes pelos quais é conhecido o candiru, animal famoso nas regiões em que habita. Mas será que esta fama é merecida?
Encontrado em rios da bacia Amazônica e da bacia do Araguaia Tocantins, esse animal já foi citado pelo personagem vivido por Sean Connery em “O curandeiro da selva” e coadjuvante em um episódio de Grey’s Anatomy. Mas antes disso, já era famoso.
De pequeno porte (2,5 cm a 18 cm) e corpo translúcido, o candiru é um peixe hematófago, pois alimenta-se do sangue de outros peixes – daí a referência a um vampiro. Habita tocas em fundos arenosos ou lamacentos e costuma alojar-se nas brânquias de suas vítimas, de onde retira seu alimento com certa facilidade, já que é uma região altamente vascularizada.
Mas o grande medo por parte dos habitantes das regiões onde ocorre está no fato desse animal poder entrar e instalar-se na uretra de banhistas desavisados, o que o faz ser mais temido até mesmo que as piranhas.
Como assim???
Bem, o candiru é um parasita, alojando-se em algum órgão do hospedeiro, de onde obtém o sangue do qual se alimenta. Ora, se alguém estiver nadando sem roupa em um rio habitado por esta espécie, corre o risco de recebê-lo por engano nesse canal do sistema urinário, simplesmente por estar com ele exposto e não porque seja hábito do animal. O grande problema é que, uma vez dentro da uretra, o peixe abre as nadadeiras peitorais, como se fosse um guarda-chuva, o que torna difícil sua saída, além de provocar muita dor e sangramento.
Entre os métodos “alternativos” sugeridos para a retirada do candiru, está o indicado pelos índios, que consistiria no uso de ervas que o matariam e o dissolveriam. Esse procedimento, entretanto, poderia provocar algum tipo de infecção e até a morte da vítima. Outra maneira, indicada pelos habitantes de onde o animal ocorre, seria relaxar e aguardar que o peixe saísse por conta própria. Porém, o único método realmente seguro e eficiente é o cirúrgico.
Fica então o alerta para que não se entre com as partes íntimas descobertas em águas desconhecidas, principalmente em regiões de ocorrência do candiru. Urina e sangue podem atraí-lo, por isso evite urinar na água e entrar nela com cortes ou arranhões. Ah, e caso resolva entrar em traje de banho, cuide para que seja justo, sem folgas nas pernas.
Pelo que percebemos, não se trata de um grande “vilão” ou do “peixe mais perigoso da Amazônia”, como alguns o conhecem. Ele apenas pode estar no lugar errado, na hora errada.
https://www.youtube.com/watch?v=g3Pt-ICOHrU
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