Por Luciana Ribeiro
Jornalista e tecnóloga em Gestão Ambiental
olhaobicho@faunanews.com.br
Nomes populares: formigueiro-do-litoral
Nome científico: Formicivora littoralis
Estado de conservação: não consta da lista da IUCN e “em perigo” na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
Ele é pequenininho. São só 13 centímetros de comprimento e 14 gramas. O macho é preto com detalhes brancos nas asas e na cauda. A fêmea tem o ventre claro, o dorso castanho, asas e cauda em tons mais escuros e uma máscara negra sobre os olhos. Seu nome: formigueiro-do-litoral.
Mas nem só de formigas vive este passarinho. No seu cardápio entram também larvas, mariposas, besouros, entre outros pequenos invertebrados que vivem na restinga. E é na vegetação típica desse ecossistema que ele mata a sede: as bromélias acumulam água da chuva e se transformam em bebedouros naturais.
Apesar de pequenininho, é bravo. Ai do macho que invadir o território de outro no período reprodutivo. O invasor vai ser perseguido pelo dono do território, que irá atrás do rival emitindo vocalizações durante voos curtos para deixar claro quem é que manda ali. Mas mal sabe ele que quem ameaça mesmo seu território não é esse outro macho, mas sim o homem.
O formigueiro-do-litoral vive exclusivamente na região do Lagos, no Rio de Janeiro. Há registros de sua ocorrência em Saquarema, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Araruama, São Pedro D’Aldeia e Iguaba Grande. Essa bonita região fluminense atrai a especulação imobiliária, que, sem critérios nem fiscalização, destrói as restingas. E o desaparecimento dessa vegetação ameaça diretamente a sobrevivência de muitas espécies, entre elas o pequeno formigueiro-do-litoral.
Segundo dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) deve haver, atualmente, menos de 2.500 indivíduos maduros, sendo que 100% deles estão em uma única subpopulação. O declínio populacional levou a espécie a ser avaliada como “em perigo”.
Em 2010, foi lançado pelo ICMBio o Plano de Ação Nacional do Formigueiro-do-litoral, com o objetivo de manter a viabilidade populacional da espécie. O PAN foi encerrado em setembro de 2016 com 63% das ações implementadas. A partir daí, a espécie foi incorporada pelo Plano de Ação Nacional para Conservação de Aves da Mata Atlântica.
Assim, cada pequeno ninho que é feito com fibras vegetais, cascas de árvores e teias de aranha na forquilha de uma árvore passa a ser um depósito de esperanças de que os dois ovos ali postos pela fêmea possam eclodir e ainda encontrar a vegetação espinhosa, farta de cactos e bromélias, que é a casa e a sobrevivência da espécie.
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