Bióloga, mestra em Biodiversidade em Unidades de Conservação e guia de observação de aves da Brazil Birding Experts pelo Sudeste e Nordeste do Brasil
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Este ano ficará marcado para sempre na história da observação de aves! Há um ano, ninguém imaginava o que poderia acontecer com o turismo e, especialmente, com relação ao turismo internacional. Iniciamos o ano animados, com diversas viagens marcadas, “agenda cheia” para alguns guias e, de repente, em questão de poucos meses (em alguns casos, dias), tudo mudou. No nosso caso, todas as viagens foram canceladas.
Com isso, fomos todos obrigados a ficar mais em casa e a explorar os nossos quintais e arredores, trazendo muitas descobertas e até criando novos estilos e lançando moda mundo a fora, como foi o caso do Janelives. Assim, foi criada a observação de aves virtual pelos comedouros de todo o Brasil.
Diversas pessoas que mantêm comedouros em casa começaram a transmitir ao vivo as aves visitantes dos seus quintais e, junto com toda a equipe técnica, fizeram a alegria de quem não podia sair de sua residência. E como resultado, além de levar a beleza para outras pessoas, atraíram novos adeptos para a observação de aves. De certa forma, essa iniciativa deu muita visibilidade para guias e pousadas que participavam ao vivo com os seus comedouros, tornando-se um catálogo de locais para visitar no pós-pandemia.
Com tanta gente em casa e ainda sem poder trabalhar, surgiu a iniciativa de organizar os guias de observação de aves do Brasil. Os guias se juntaram em um grupo de WhatsApp e lançaram a ideia de levar os destinos até a casa das pessoas através da série Destinos Silvestres. Esse foi o primeiro passo para reunir e organizar os guias de observação de aves e da vida silvestre aqui no país.
No meio de tantas mudanças, a observação de aves não poderia ficar de fora. Agora as passarinhadas ganharam novos apetrechos, pois quem sai por aí acaba levando seu álcool e a sua máscara. Frente a pandemia foram criados diversos protocolos pelos órgãos de turismo (Ministério do Turismo e secretarias estaduais) para a realização de viagens durante a pandemia.
Muitos guias de observação de aves tiveram que buscar profissões secundárias e começaram a atuar em outras áreas enquanto o turismo não se restabelece. Em meados de 2020, algumas pessoas que atuam no mercado brasileiro voltaram a organizar as suas viagens. Uma grande vantagem da observação de aves é que a prática envolve um número reduzido de pessoas. Geralmente, as viagens não têm mais de 12 participantes e muitas delas são para grupos menores e realizadas em veículos. Acredita-se que a tendência é que as viagens sejam realizadas por grupos pequenos até que se tenha uma vacina disponível. Atualmente, as viagens estão voltando aos poucos no Brasil, muitas delas em pequenos grupos, mas já estão ocorrendo aquelas com mais gente e que usam vans.
Apesar de as viagens terem voltado, muitos locais que recebem observadores de aves ainda não reabriram e os que estavam planejando reabrir por agora ainda estão incertos devido ao aumento de casos deste momento. Enfim, este foi o ano marcado pelas incertezas, em que vimos que tudo pode acontecer e mudar o cenário rapidamente.
Não sabemos o que 2021 prepara para nós, mas as expectativas são boas. Já tem muita gente animada com a vacina e planejando as suas viagens para o ano que está chegando, então as perspectivas pós-pandemia são animadoras. As pessoas estão com muita vontade de viajar e sair de suas casas e, muitas delas, passaram a valorizar ainda mais os momentos de contato com a natureza. Que em 2021 possamos colher bons frutos desse 2020 turbulento e transformador.
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