Desmatamento e conversão de ambientes
As ações humanas transformam os ambientes naturais desde sempre. Tal fenômeno passa a ser mais sentido a partir do período em que grupos se fixaram em determinadas regiões e passaram a cultivar a terra e a criar animais. As vegetações nativas passam a ser suprimidas, o que, no caso de ambientes florestais denominamos desflorestamento ou, simplesmente, desmatamento.
Nessa conversão de ambientes, nem toda a vegetação característica de uma paisagem é retirada. Há casos em que o contínuo paisagístico é dividido, ou seja, fragmentado em diversas manchas. É o que ocorre quando se abre uma estrada e, em determinado ponto de sua margem, nasce uma cidade. O que antes era uma paisagem homogênea de vegetação, foi dividido pela estrada e a mancha urbana.
Consequências para a fauna silvestre
Nesses processos de fragmentação e de conversão de ambientes, a fauna sofre consequências. Em geral, negativas. A mais evidente é a redução de populações de determinadas espécies com possibilidade de haver extinções locais ou totais de certos animais.
No Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (2018), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) afirma que “os principais fatores de pressão às espécies continentais estão relacionados às consequências de atividades agropecuárias, seja pela fragmentação e diminuição da qualidade do hábitat em áreas em que a atividade está consolidada ou pelo contínuo processo de perda de hábitat onde a atividade está em expansão.”
O ICMBio ainda destaca que a expansão urbana é a segunda maior geradora de espécies da fauna ameaçadas de extinção, seguido de empreendimentos para geração de energia, como a construção de barragens e represas para hidrelétricas, parques eólicos e linhas de transmissão, e a poluição, seja industrial, urbana, ou agrícola com os agrotóxicos. Vale ressaltar que todos esses elementos causam perda ou deterioração de hábitat.
Por biomas
Cada bioma brasileiro tem características próprias de pressão negativa sobre a fauna silvestre, segundo o ICMBio. Deve-se reparar que a maioria das causas (as exceções são a caça/captura de animais, a competição com espécies exóticas e a incidência de doenças) corresponde à perda de habitat ou de qualidade do hábitat. A relação de fatores de cada bioma está em ordem de importância.
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Amazônia
Empreendimentos para geração de energia (principalmente hidrelétricas), agropecuária, caça/captura, transportes, mineração e extração florestal.
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Caatinga
Agropecuária, caça/captura, mineração, expansão urbana, turismo desordenado e empreendimentos de geração de energia.
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Cerrado
Agropecuária, empreendimentos de geração de energia, caça/captura, expansão urbana, mineração e poluição.
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Mata Atlântica
Agropecuária, expansão urbana, poluição, queimadas, turismo desordenado e empreendimentos de geração de energia.
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Pampa
Agropecuária, expansão urbana, poluição, caça/captura, espécies exóticas e queimadas.
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Pantanal
Agropecuária, caça/captura, empreendimentos de geração de energia, queimadas, transportes e doenças.
Fauna marinha
As alterações no hábitat dos animais marinhos são a segunda
causa de ameaça às espécies. A primeira é a pesca.
A degradação do hábitat é causada pela poluição. Além das poluições química, física e biológica, o ICMBio indicou a sonora, que impacta principalmente os mamíferos, e a fotopoluição, que afeta as tartarugas. As instalações de portos, o tráfego de embarcações, a exploração de petróleo e gás, o turismo sem controle e a urbanização de áreas litorâneas são os responsáveis pelas alterações indicadas.