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Impactos dos sistemas de transporte
na fauna silvestre

A implantação e a operação dos sistemas de transporte geram muitos impactos sobre a fauna silvestre. Cada um dos chamados modais de transporte – rodovias, ferrovias, aviação e hidrovias – tem suas peculiaridades, causando problemas que boa parte da população sequer imagina acontecer.

Os impactos gerados pelas estradas sobre a fauna são os mais conhecidos pelas pessoas e os mais pesquisados pelos cientistas. Os atropelamentos se destacam nesse universo, sendo apontado como o provável maior impacto negativo direto sobre a fauna silvestre atualmente.

Em suas pesquisas sobre o tema, a bióloga Fernanda Delborgo Abra coletou dados que dimensionam um pouco o impacto dos atropelamentos na população de alguns animais pelo mundo. Anualmente, milhares de animais morrem por atropelamento em países como Holanda, Bulgária e Austrália.

Situação do Brasil: números alarmantes

No Brasil, a estimativa mais divulgada pertence ao Centro Brasileiro de Ecologia de Estradas (CBEE) da Universidade Federal de Lavras: 475 milhões de animais silvestres morrem atropelados todos os anos nas estradas e rodovias do país.

Os dados do CBEE indicam que 90% das mortes são de pequenos vertebrados, como sapos, cobras e aves menores. Os vertebrados de médio porte, como gambás, lebres e macacos, são 9% das mortes, enquanto os de grande porte, como onças-pardas, lobos-guarás, onças-pintadas, antas e capivaras, representam 1% dos casos – apesar de serem os que mais chamam a atenção pela facilidade de visualizá-los e pelo grande interesse da imprensa.

Somente para o estado de São Paulo, Abra descobriu que 37.744 mamíferos de 32 espécies de médio e grande porte morreram por atropelamento entre 2005 e 2014 em rodovias concedidas. Vale destacar que 4,3% dos animais contabilizados pertenciam a espécies ameaçadas, o que gera grande preocupação para a conservação. A bióloga estimou que, para todo o território paulista, 39.605 mamíferos de médio e grande porte são vitimados anualmente.

Mas os pesquisadores da Ecologia de Estradas (ramo da Ecologia que busca entender como as estruturas e o tráfego de rodovias e ferrovias afetam padrões e processos ecológicos de organismos a ecossistemas) não se preocupam somente em identificar os impactos e dimensioná-los. Eles buscam propor soluções aos problemas, como melhorias nos processos de licenciamento ambiental e medidas que reduzam, por exemplo, os atropelamentos, como a implantação de passagens de fauna, cercas, sonorizadores, sinalização adequada, radares para redução de velocidade, projetos de educação ambiental, etc.

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Mais que atropelamentos

Estradas e rodovias são responsáveis também pela fragmentação do hábitat dos animais, indução à ocupação humana, aumento da poluição atmosférica e sonora ocasionado pelo tráfego de veículos, contaminação de solo, corpos d’água e lençol freático por combustíveis e outras substâncias e uma infinidade de impactos que, direta ou indiretamente, atingem a vida animal. Quando mal planejadas, as consequências são desastrosas, como no caso da Transamazônica.

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Outros modais

As ferrovias, o transporte hidroviário e a aviação também geram consequências para a fauna silvestre. Além dos óbvios atropelamentos – sim, trens atropelam animais, barcos e suas hélices atingem mamíferos marinhos e aviões colidem com aves –, há problemas como ruídos atrapalhando a navegação de animais aquáticos e a comunicação de aves, a poluição do ar e das águas, a supressão da vegetação para a implantação desses modais e uma infinidade de outros impactos.

As pesquisas sobre os impactos gerados pelas ferrovias, hidrovias e pela aviação e as formas de evitá-los e mitigá-los ainda são em menor quantidade, mas têm aumentado nos últimos anos. Os processos de licenciamento ambiental, apesar de serem bastante atacados por representantes de setores econômicos não compromissados com um desenvolvimento atrelado à parâmetros sustentáveis social e ambientalmente, têm exigido cada vez mais conhecimento para permitir a ampliação das malhas rodoviária, ferroviária, hidroviária e da aviação.

Vidas humanas

Os impactos na vida humana também têm criado demanda por conhecimento. Afinal, não são somente os animais não humanos que se envolvem em acidentes ou são atropelados, que respiram ar contaminado, utilizam água poluída ou sofrem com distúrbios causados pelo barulho. A qualidade de vida das pessoas é afetada, bem como a quantidade de recursos investidos pelo poder público no sistema de saúde, na descontaminação da água para abastecimento das cidades, no atendimento a animais resgatados e em uma infinidade de atividades que, de alguma forma, se relacionam com os meios de transporte.

Citando novamente o trabalho de Abra, a Polícia Militar Rodoviária do estado de São Paulo registrou, em média entre 2005 e 2014, 2.611 acidentes envolvendo animais (3,3% do total), sendo que 18,5% desses acidentes geraram vítimas (feridas ou fatais). O custo anual para a sociedade por tais acidentes foi estimado em R$ 56,5 milhões – o que sigifica R$ 21.565, em média, por acidente.

Abra também coletou dados de 2014 da Polícia Rodoviária Federal com os registros de colisões envolvendo animais: foram 3.174 casos (1,9% do total de acidentes), dos quais 40,9% tiveram vítimas humanas feridas e 2,6% com mortes de pessoas.

Saiba mais sobre esses impactos consultando o NERF-UFRGS e a REET Brasil.

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